Eduardo
Girão oferece uma frase expressiva. Elejo-a como brinde ao momento vivido: “Há duas fontes perenes de
alegria pura: o bem realizado e o dever cumprido." Foi assim que me senti ontem e é assim que
inicio, hoje, minhas reflexões sobre os resultados da III Feira de Arte,
Ciências e Letras da EE Prof. Walfredo Fogaça.
Depois de muitos anos de magistério, apesar de toda a experiência,
de toda a luta empreendida para arquitetar a arte de ensinar-aprender, não
obstante toda a tensão gerada pelos compromissos profissionais, confesso:
recomeçar um ano letivo não é nada fácil. Concluí-lo, ainda que com todos os
custos, envolvimento, etapas, encontros e desencontros, é uma constatação de se
ter levado o dever a cabo.
A feira de Ciências da escola (assim mais popularmente nominada)
aconteceu no dia 05 de dezembro de 2012, fazendo parte do plano de ação do ano
todo. E aconteceu de forma ímpar. Escola viva, escola de gente, presença maciça
de pais de alunos, dos estudantes, num momento de congraçamento e demonstração
das realizações do ano. Muito trabalho, reforce-se, estamparam as paredes e
demais espaços escolares.
A área de Educação Física abriu magistralmente os trabalhos, ao som
de Brasileirinho, momentos em que os estudantes puderam demonstrar as
habilidades aprendidas na Ginástica Rítmica Desportiva, com todo o
aparelhamento necessário, além da demonstração do Badminton, do tênis de mesa e
do pebolim. Espetáculo de crianças: com leveza, com graça e com compromisso de
gente miúda, determinação de gente grande.
Nas salas de aula, cada professora do 1º ao 5º ano, procurou
evidenciar a obra de seus alunos: livros de histórias narradas, cadernos e
pastas com as produções, o doce canto da aventura de aprender a ler e a
escrever (coisas do 1º ano), os projetos realizados como, por exemplo, os meios
de comunicação, os animais selvagens e animais marinhos, o projeto criança como
eu, o projeto fábula, o conto, o reconto, a confabulação, as atividades
matemáticas por meio do lúdico, e tantas outras produções, num conjunto de
fazeres de uma escola, colocados aos olhos dos convidados num dia de visitação.
Cabe realçar a efetividade do interesse demonstrado quanto aos
stands dos quintos anos com seus experimentos científicos. A presença dos
estagiários do projeto PIBID, desenvolvido pela Unesp – Educação em Ciências -
em parceria com a escola, foi de grande valia ao processo e, possibilitou
mostrar o envolvimento da escola na pesquisa a qual se envolve com aqueles
órgãos. Com efeito, a ciência aprisiona o olhar e fascina as pessoas.
Não menos importante que tudo foi ver a alegria e poder entrar na
réplica da casa de Jorge Amado, em Rio Preto, como a classe de 5º ano resolveu
nomear o espaço, como forma de celebrar o centenário daquele autor baiano, por
meio da divulgação de suas obras, seus personagens, seu enredo.
Coube ao outro 5º ano celebrar o rei do Baião, com o entusiasmo de
toda a obra contada e cantada pelo imortal Luiz Gonzaga. Faltou apenas servir o
tradicional prato “baião-de-dois”. A professora até planejou isto, no entanto
resolveu se aquietar para não “dar desando no povo”.
Foi possível assistir e captar a alegria vinda dos olhos dos pais
em suas apreciações espontâneas, a colocação dos professores, e, sobretudo, a
fala natural das crianças. Isto faz pensar no que diz Mahatma Gandhi: a alegria
está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória
propriamente dita. Creio ter sido este o
sentimento de todos da escola, ontem, todos os atores envolvidos no processo.
Não tivemos visitas oficiais, não, nenhuma. Nem a imprensa soube
para contar a nossa história. Se é nossa a história, creio, cabe a nós
guardá-la da melhor forma possível; talvez nas fotos que os pais (em suas
muitas câmeras e celulares) fizeram e curti-las, compartilhá-las, colocá-las em
porta-retratos, ou, quem sabe, algum dia, deletá-las.
Para finalizar,
empresto a fala de John Lennon que diz: Quando eu tinha 5 anos, minha
mãe sempre me disse que a felicidade era a chave para a vida. Quando eu fui
para a escola, me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Eu escrevi
“feliz”. Eles me disseram que eu não entendi a pergunta, e eu lhes disse que
eles não entendiam a vida.