Há homens (?) que agridem
mulheres. Sóbrios, alcoolizados, drogados, propositadamente e, algumas vezes,
para mostrar a força dos braços, ausência cerebral.
Esses seres brutalizados saem às
ruas – ou mesmo nas próprias casas - a busca de suas presas. Sem escolher o
alvo, preferem o ataque.
Qual seria a origem dessas
atitudes? De onde vem a ânsia que faz vibrar a crueldade contra a beleza da
espécie humana? Só pode ser medo de mulher.
Vamos convir: é difícil ao sexo
“forte” admitir, mas homem tem medo de mulher. Tem medo, sim, apesar de todo o
desejo, de toda a graça, de todo o charme que se deposita sobre ela, esse ser,
maravilha, ora em verso, agora em prosa.
Seria essa a origem das marcas
estabelecidas pela sociedade machista? É mulher que chora, que brinca de
boneca, que não joga futebol e demais formas de reprimendas.
Mas não é de pranto – apesar da
tamanha dor de palavras e pancadas – essa prosa. É de louvação a esse ser
misterioso que o homem, talvez, jamais desvendará. Trata-se do mistério da
vida. Faço prosa a todos os versos que cantam os encantos da mulher. Mulher
rendeira, a mulher que passa, a mulher de óculos, a mulher esguia, a mulher
cheinha, a amada amante, a mulher que educa, a mulher que se equilibra sobre
saltos e tira de letra as diferentes situações a que a vida se lhe apresenta.
Falo das curvas de mulher – tão perigosas e
acentuadas quanto as da estrada de Santos - das saliências, das reentrâncias,
da sinuosidade, dos olhos que hipnotizam, que magnetizam. Falo de montes
ostentadores de superfícies graciosas e das escuras cavernas guardadoras de
segredos infindos.
Canto a prosa de um corpo
formatador de novas vidas. Falo do primeiro abrigo de todo humano ser. Falo da
hospedaria Otília Faria, meu primeiro acesso ao mundo. Calo-me diante da
mulher, ser guerreiro, delicado descolonizador de corações.