As coisas, de fato, mudam. “Só o
que está morto não muda”, é verso de Edson Marques, pleno de razão.
Há anos já quase esquecidos, na
pequena Mirandópolis, havia um grupo escolar e nele, uma classe meio que separada do conjunto da
unidade: a da professora Marina.
Engraçado que a gente não sabia nada sobre a classe. Uma coisa era
certa: as crianças não separadas morriam de medo de frequentar aquela turma. Os
pais eram os primeiros a aterrorizar os filhos contra a temível classe: estudar
muito, não repetir o ano. Nada em razão da professora – aliás, pessoa muito
doce em minhas lembranças - mas pelo labor que ali se construía e que se
percebeu com o tempo: uma classe especial.
O tempo que flui traz
mudanças.... ainda que sofridas, suadas, doídas, mas até faz mudar.
É tempo de inclusão: desafio
provocador da melhoria da qualidade da educação escolar, como direito à
educação em sua plenitude e desmistificar a riqueza da diversidade. A
transformação da escola – ao entender que a trajetória estudantil não é um rio
perigoso, ameaçador - terá a inclusão
como consequüência, mesmo que ainda se desafine a canção.
É impossível conter a correnteza
do rio ante a força de quem deseja represar seu curso, e já se pode declarar
sobre o direito à igualdade quando a diferença inferioriza ou quando a
igualdade descaracteriza os seres humanos.
Portanto, ao tomar todas as
crianças e adolescentes, sem discriminação, como titulares de direito à
educação, reconhecer e valorizar a diferença, certos das dificuldades, não
deverá haver temor em estudar e mudar: seja com Marina, Cida, Ariane, Eliane,
Sirlei e outras professoras.
Artigo originalmente publicado no Jornal Bom Dia, em 2009.
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