quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Classe de Marina


As coisas, de fato, mudam. “Só o que está morto não muda”, é verso de Edson Marques, pleno de razão.
Há anos já quase esquecidos, na pequena Mirandópolis, havia um grupo escolar e nele,  uma classe meio que separada do conjunto da unidade: a da professora Marina.  Engraçado que a gente não sabia nada sobre a classe. Uma coisa era certa: as crianças não separadas morriam de medo de frequentar aquela turma. Os pais eram os primeiros a aterrorizar os filhos contra a temível classe: estudar muito, não repetir o ano. Nada em razão da professora – aliás, pessoa muito doce em minhas lembranças - mas pelo labor que ali se construía e que se percebeu com o tempo: uma classe especial.
O tempo que flui traz mudanças.... ainda que sofridas, suadas, doídas, mas até faz mudar.
É tempo de inclusão: desafio provocador da melhoria da qualidade da educação escolar, como direito à educação em sua plenitude e desmistificar a riqueza da diversidade. A transformação da escola – ao entender que a trajetória estudantil não é um rio perigoso,  ameaçador - terá a inclusão como consequüência, mesmo que ainda se desafine a canção.
É impossível conter a correnteza do rio ante a força de quem deseja represar seu curso, e já se pode declarar sobre o direito à igualdade quando a diferença inferioriza ou quando a igualdade descaracteriza os seres humanos.
Portanto, ao tomar todas as crianças e adolescentes, sem discriminação, como titulares de direito à educação, reconhecer e valorizar a diferença, certos das dificuldades, não deverá haver temor em estudar e mudar: seja com Marina, Cida, Ariane, Eliane, Sirlei e outras professoras.


Artigo originalmente publicado no Jornal Bom Dia, em 2009.

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