sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

ESCOLAS & ENREDOS

Cavaquinhos, baterias e vozes formaram o som que invadiu o ar nos últimos dias, nas grandes cidades do país. As imagens indescritíveis, as comissões de frente, os carros abre alas encenaram o grande show das agremiações carnavalescas, ao som de sambas-enredo.
          As escolas de samba ensinam sobre gestão: do carnavalesco à idéia do coletivo. Um processo de construção de ano inteiro, para levar à avenida o enredo que enreda a vida.
         Finda a apresentação, a partir da dispersão, com o olho no resultado do campeonato, a escola se debruça a seu novo ano: pinçar novas idéias.
O que diferencia escolas de samba e instituições escolares? São comunidades organizadas em torno de um papel a cumprir, têm dirigentes, coordenadores, mestres, aprendizes, quadras e projetos para enredar a vida. Ambas são avaliadas externamente em diferentes quesitos.
         As primeiras – endinheiradas, chamativas, veneradas pelas comunidades – vestem-se de plumas e brilho. As outras, arrecadando recursos ora aqui, ora ali, e, na tentativa de embalar, de fascinar suas comunidades, podem despertar mentes à luminosidade, enfim, enredar. Nelas, o enredo mais longo, o desfile feito de duzentos dias, nem sempre arrastam multidões para acompanhar o cortejo que se espera. Uma pena (bem distinta das que adornam as fantasias).
          Da paixão das escolas de samba, fica a revisão do pensamento de Touraine: a escola precisa tornar-se “escola do sujeito”.

Publicado originalmente no jornal “Bom Dia São José do Rio Preto”, em 23/02/2007.

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