quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Aposentadoria: o apagar das luzes



Ruben Alves destaca algo de que muito se fala: o sofrimento dos professores e, olhando o avesso das coisas, prefere falar da alegria de ensinar, sobretudo, aquela que torna o docente ensinante da felicidade.
No entanto, observando o cotidiano da escola, nota-se que algumas lições desaprendidas apagam, aos poucos, desejos e profecias de ensinar a felicidade.
Das conversas com os professores – daquelas distantes do lugar comum – indisciplina escolar, classes lotadas, más condições de trabalho, gestão autocrática, desinteresse, analfabetismo e outros, quase sempre, fala-se sobre o desencanto do final da jornada.
Chega-se a ela pelo reverso, com a constatação de que, do trabalho, restou apenas a promessa de fidelidade jurada ao serviço público, o ofício cumprido. Estampa-se que o empregador público acrescentou pouco numa passagem de 25, 30 ou 35 anos, cujo horizonte perdido se apaga no vazio do reconhecimento da pessoa do profissional que é o professor. Que pena que as coisas assim se desenhem. E, voz corrente, o discurso do desencanto faz coro cada vez maior.
Fico a pensar no final da carreira de muitos professores e lamento a arquitetura que se apresenta no descortínio das luzes. A hora de ensarilhar das armas acontece e entre a alegria de ter sido profissional e a melancolia do cenário, remeto-me ao que Alves sugere sobre a indagação que se faz ao docente sobre a profissão e que este deve responder: sou um pastor da alegria ... mas alerta - apenas seus alunos, mestre, poderão atestar isso.

Rio Preto, 08 de novembro de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário