quinta-feira, 11 de abril de 2013

Jogos e jogadas


Longe está o tempo da bolinha de gude, do pique, dos peões de madeira, das peladas nas ruas (entenda-se futebol) e outras aventuras que povoaram o mundo infantil. Ficaram longe as brincadeiras da velha infância: talvez, esmagadas por construções, muros, presídios, no que foram os terrenos, as esquinas, as quadras inteiras, nosso território de vida das ruas de outrora.
Os dias de primavera nas tardes fagueiras dos bosques, a matinha peculiar de cada cidade onde as crianças, voavam de cipó a cipó, numa grande concentração de Tarzans esconderam-se, afugentaram-se em meio aos gibis, histórias de vida tecidas pelos então pequenos heróis.
Cowboys, índios Apaches ou Sioux, mocinhos ou bandidos: éramos herois, apenas isso. E valia o brincar até quando a tarde morria e nos lembrávamos, com frio na barriga, e com um gosto de transgressão, dos ensinamentos dos pais sobre os perigos do nadar às escondidas, dos mergulhos não autorizados nos córregos da cidade, mesmo assim, a gente arriscava e o fazia, a fim de tomar um gole de aventura e de felicidade.
Os carrinhos de rolimã rasgavam ruelas, ladeiras, calçadas: as disputas desenfreadas, quase sempre, terminavam até mesmo com a alegria dos joelhos ralados.    
Os terrenos baldios não tinham esse ar de abandono dos de hoje. Eram territórios de jogadores de bolinha de gude, de pião, das peladas, do esconde-esconde, do pega-pega, do taco, ou “bete”, aquele jogo das vidraças estraçadalhas... afinal, eram brincadeiras infantis.
Vida controversa! E lá fora, distante, fria, perigosa ficou a rua dos meninos. O brincar infantil da atualidade já integrou a era digital: celulares, câmeras, players de MP5, jogos de luta, de guerra e tantos outros entretenimentos. Um apelo tecnológico assustador. Uma roda viva sem cabanas, nem cavernas, ou forte apache. Novos jogos numa vida, talvez, de faça-de-conta.

Um comentário:

  1. Que alegria relembrar os tempos de nossa infância. Das cabanas, das cavernas, de Tarzans. Triste é ver o quão as ruas tornaram-se perigosas e que o ajuntamento de crianças nela, hoje,é preocupante. Somos herdeiros de bons tempos. Mas, outro dia, minha filha comentou que tinha tido uma infância deliciosa. Mas ela já é do tempo em que a rua tornou-se perigosa. Imagino que nossos netos se lembrarão de sua infância com saudades. Mas, a cada geração, a infância fica mais cinza.

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